quinta-feira, 30 de abril de 2015

Nada

Certo dia eu parei para pensar na fugacidade da vida. Hoje em dia tudo é tão corrido. As emoções e os sentimentos se desgastam tão rapidamente que num piscar de olhos aquilo que mais te trazia felicidades, passa a te trazer um NADA.

Sim, NADA é a palavra que resumi as pessoas em pleno século XXI. NADA tem valor na vida, tudo tem um preço. Um abraço, um beijo um sorriso, passaram a ser as coisas mais fáceis do mundo. Onde está o amor? Acredito que o amor hoje é algo quase que mendigado, só os corajosos e fortes conseguem sentir tal coisa.

Hoje as coisas os sentimentos se modificam a cada dia, a cada hora a cada segundo. Aquilo que fazia 
a vida ser prazerosa, com simples atos, transforma esta num inferno de insegurança e indecisões. O que faz as pessoas fazerem isso? Nunca nem o mais sábio dos homens terá a resposta exata para tal situação. Posso especular que o afeto por exemplo pode acabar por pura enganação, falsidade e cinismo do homem. Agora o porquê de tudo isso, só cada indivíduo vai poder dizer.

Me pergunto todos os dias se sou o único a mendigar afeto. Afeto, é o maior laço que o homem pode criar para com seu semelhante e é algo tão pobre e sujo atualmente que tenho medo de pedir demais e com isso me iludir e me machucar profundamente.

As pessoas que buscam o real afeto são por sua vez as mais frágeis em toda essa história. São facilmente manipuladas e confiam muito em qualquer pessoa que se disponha a dar a mínima atenção possível. E no final das contas só são mais uma vítima desse sistema vicioso de tratar as coisas como um NADA.

Vicioso porque as pessoas que são tratadas tal como qual perdem a vontade de ser como são e para acabar com profunda tristeza e desolamento, passam a fazer parte desse grupo de seres que são os piores seres que a humanidade pode criar.

O sistema do NADA existe desde o momento em que o homem descobre seu poder de manipulação e, acabar com tudo isso é utópico. Tenho dó por aqueles que são vítimas desse sistema porque no final das contas são os que mais sofrem com tudo isso.

E como parar o NADA? Quando o homem perceber que tudo na vida tem um VALOR, e o tempo que ele perder criando e reinventando o NADA, é o tempo que ele perde de aproveitar as melhores coisas quem se tem para viver.

A.C 1996

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Medo


Ás vezes eu me distraio e sem perceber já estou pensando nas peculiaridades dessa vida fugidia, nesses tempos onde as conversas face a face se limitaram a um mero cumprimento, onde o sorriso limitou-se a uma falsa demonstração de felicidade, onde o amor limitou-se a um único beijo e nada mais, onde a amizade limitou-se pelo simples interesse. Sim, esse é um mundo de limitações ou um mundo que o homem se limita a viver limitado, pois a demonstração dos reais sentimentos segundo este, é uma demonstração de fragilidade. Por que tão limitado? Por que ser limitado? É tão ruim assim demonstrar afeto, carinho e atenção por alguém? Creio que nessa vida o homem só se limita por medo. Medo do que o outro irá pensar, medo de se apaixonar, medo de se criar verdadeiros afetos, enfim, medo de viver. A covardia toma um passo a mais na vida do homem, destrói o seu ser, sua alma. O deixa inquieto, infeliz, insatisfeito. Por que não mudar isso? Por que não simplesmente viver? Por que ser tão covarde? Isso não é uma coisa que pode ser respondida. Pois o homem é um ser e como todos os outros seres, molda sua personalidade de acordo com aqueles que estão ao seu redor. Se hoje eu tenho medo, sou covarde, inquieto e infeliz culpo a mim mesmo, por fazer parte desse sistema de vida sem afetividade, pensando no que a massa irá dizer sobre meus atos e dizer o que é ruim ou bom de acordo com seus fatos.

A.C 1996

Estrela


 E ele se sentou no fim da escada do último andar em plena noite de inverno para contemplar o brilho das estrelas e do luar. Era tudo tão lindo que ele não podia compreender a beleza dos astros. Seu mundo parecia diferente. Nunca havia visto céu mais lindo que aquele. Olhava abaixo dos seus pés a vida fugidia e em colapso das pessoas que ali passavam. Queria que por um instante elas parecem de ser daquele jeito e olhassem para as estrelas.
 Por que gostava das estrelas? Porque as estrelas inspiravam seus sonhos, sua liberdade, sua vida. Eram seres graciosos que visitavam os céus todos os dias, não importasse o que acontecesse. Eram as estrelas as musas inspiradoras da sua liberdade de ser quem ele quisesse ser. “O homem deveria ser como uma estrela” dizia ele para si mesmo. “Estrelas permanecem vivendo, continuam brilhando, sem se importar se a que está do seu lado brilha mais intensamente, elas simplesmente continuam brilhando”.
 Dia desses desabafou com elas, que o escutaram pacientemente. Reclamou da vida. Não gostava de si mesmo. Por que não? Se achava “estranho” demais para viver. Entedia como estranho o fato de por vezes ser mais sentimental do que deveria. Ligava para tudo e todos. Não se conformava por isso. Além disso, sua vida era repleta de problemas, dentre eles os familiares, os quais mais o afetava psicologicamente. Tentava resolver tudo, de forma silenciada, mas não resolvia nada. Só se tornava uma bola de neve.
 Era sozinho no mundo. Não tinha porquê e nem por quem viver. A vida era ser um nada. Resumia ela nisso. Pobre era aquele ser.
Mas apesar de tudo, continuava a sempre olhar as estrelas. Elas não deram respostas, aliás eram estrelas, lindas estrelas. Ele pensou “serei como uma estrela. Não serei como a lua que depende do sol para brilhar. Serei uma estrela”. Era mais fácil falar isso para si próprio do que de fato fazer.
 A conversa com os astros luminosos não trouxe respostas imediatas, aliás trouxe uma conspiração em sua vida. Certo dia quando estava sentado sobre aquele mesmo lugar, naquele mesmo horário ouviu a porta das escadas se abrindo. Eram um garoto que assim como ele gostava de observar as estrelas. Não naquele lugar, mas a ocasião de uma briga familiar o fez estar naquele mesmo lugar onde o pobre garoto descontente com a vida estava.  Começaram a conversar e foram falando como se fossem pessoas que se conhecem desde a infância. Marcaram de fazer aquilo todos os dias que se fosse possível.
 Continuaram se encontrando. Na última sexta, o céu estava escuro. Era impossível ver as estrelas. Apenas a lua cheia cor de ouro. Um silêncio e um vento frio passou por aquele lugar. O garoto descontente tremia por causa daquilo. O outro o via sofrer naquela condição.  Não se segurou. O abraçou fortemente e olhou nos seus olhos dizendo “assim como a lua precisa do sol para brilhar, eu preciso de você para viver”. Selou o momento com um caloroso beijo. Ambos por fim, começaram a sorrir e ele pensou, “hoje mais do que nunca sou uma estrela, que mesmo com o menor dos brilhos, conseguiu alguém que o observa-se” 
A.C 1996